sexta-feira, 23 de março de 2012

Carros ensinam o dono a reduzir o consumo conectados a dispositivos Android!

Hoje, há uma preocupação crescente com a grande preocupação é com a emissão de CO2. No início de março, a Fiat atingiu pelo quinto ano consecutivo os menores níveis de emissões de CO2 nos veículos vendidos na Europa em 2011, com uma taxa média de 118,2 g/km. O índice ficou 4,9 g/km menor que o obtido em 2009. A empresa também ficou em primeiro lugar como grupo, com 123,3 g/km, uma melhoria de 2,6 g/km em relação ao ano anterior. O desempenho foi certificado pela Jato Dynamics, empresa de pesquisa no mercado automotivo.
 
Um dos fatores que contribuiu para isso foi o uso mais inteligente e lúdico da eletrônica embarcada. Hoje, praticamente todo veículo que se preze tem um computador de bordo com econômetro, sistema que informa no painel o consumo médio e o consumo instantâneo de combustível. A montadora foi além, e desde 2009 equipa os charmosos Cinquecento (foto acima) com o sistema EcoDrive, que analisa o modo de condução e orienta o motorista para que economize o uso do combustível (entre 10% a 50%).
Didático, o sistema roda em um computador de bordo de coração Atom, da Intel e alma Windows. Lá fora, desde que nasceu, em Turin, gera dados sobre rotas, pré-estabelecidas ou não pelo motorista, que são transferidos para um pendrive e visualizados no computador pessoal do condutor. “Aqui no Brasil, da mesma forma que adaptamos o sistema para as nossas condições de estrada e trânsito, decidimos facilitar e criar uma interface para smartphones e tablets Android”, conta Leonardo Martins Ribeiro, da área de TI da montadora.
O aplicativo está disponível para download na Play Store e foi desenvolvido pela Agência Click, com suporte da Fiat.
Já estão em curso negociações com a Apple para levá-lo aos dispositivos Android e também o porte para a plataforma Windows Phone.

Meu teste no Ecodrive



Só o Brasil, por enquanto, tem a alternativa de uso em smartphones

Mas a novidade será levada para a Europa e as Américas. Na mão inversa, a partir de maio o sistema de bordo rodará também na nova geração do Punto, produzido no Brasil. O Punto será o primeiro modelo brasileiro a ter o sistema, já que o Cinquecento vendido aqui é de fabricação mexicana. O sistema de bordo em breve poderá rodar em novos modelos e versões de veículos produzidos no Brasil.
A tendência é que esses sistemas se popularizem nos próximos três anos, preveem especialistas. A Ford tem opção semelhante, o Econo Check, ainda exclusivo para a Inglaterra.

  

Os próximos passos da Fiat são fazer o EcoDrive dar informações em tempo real para o motorista, no painel, ou por comandos de voz, através da sua integração com o sistema Blue&Me, mais um fruto da parceria da Fiat com a Microsoft, que fez sua estréia no Fiat Punto, em agosto de 2007, e que também equipa o Linea, o Bravo e o próprio Cinquecento (como opcional, em todos os modelos). E também a conexão Bluetooth, para transferência dos dados dos relatórios para pendrives, smartphones ou tablets. Hoje ela ainda é feita través de um cabo USB.




Bolso, incentivo ao uso

Robson Neves Cotta, gerente sênior da engenharia de produto e experimentação da Fiat, diz que o uso da eletrônica já presente nos veículos por parte de seus condutores só fará crescer. “É irreversível, como a conectividade.” A equipe de Cotta é responsável, no Brasil, pelos testes de isolamento eletromegnético dos carros, entre outros da área de engenharia, como acústica, resistência a condições adversas, durabilidade, etc.
“Infelizmente, hoje o usuário médio não desfruta de quase nada que já tem, de graça. Por desconhecimento, muitas vezes, mas por desinteresse mesmo. Então, porque não partir do apelo ao bolso para educá-lo?”, diz ele, lembrando que além da economia na conta do posto de gasolina, que é longe uma das que mais pesam no orçamento (entre 15% e 25% dos gastos mensais), haverá ainda a taxa de emissão de carbono que os europeus estudam cobrar dos donos de veículos, na hora da revenda, para cada g/km fora do limite.
Cotta acredita também que a eletrônica, assim como a crescente conectividade, custará menos a partir do uso em larga escala. A cada dia, o uso desses recursos custará menos e fará mais pelo carro e pelo condutor, seja por exigências legais, seja por diferencial competitivo. É possível pensar em um cenário onde o carro ensinará o condutor a dirigir de forma a preservar o desgaste de partes e peças, como embreagem, freio? “Por que, não?” , me responde.
E vai além. ”Os indicadores já estão todos aí. Um sensor controla o outro e o carro já identifica, registra e, em algum modelos até já corrige alguns comportamentos fora do padrão. Então por que não pensar em um cenário no qual o carro avisa que alguma peça tem que ser trocada, verifica via GPS a oficina credenciada mais próxima e já pergunta a você gostaria de ligar e agendar a troca?
Consta que a BMW já está oferecendo no Brasil, através de quatro concessionárias em São Paulo, o sistema Tele Service, que mantém uma conexão com o carro e vai acompanhando o desgaste das peças. Ao avaliar a necessidade de substituição, o sistema disponibiliza a peça na concessionária, agenda o serviço e avisa tudo pelo painel do carro.

Conectividade em alta 

 


O carro conectado vai permitir uma infinidade de ações para aumentar a segurança do veículo e do condutor, além de entreter. No Brasil, o rastreador será obrigatório até 2014. Mas antes dele, é bem possível que os carros top de linha fabricados no pais já saiam de fábrica com conectividade RDFI e 3G.
Ao pedir sugestões de clientes para o carro ideal (o Mio), a Fiat recebeu sugestões como o carro poder avisar por e-mail à montadora ou ao dono quando tiver algum problema. Ser localizado remotamente em caso de roubo. Criar uma loja online de aplicativos (assim com a AppStore da iPhone, telefone da Apple), para que o motorista personalize e customize os aplicativos do seu carro, gerando receita adicional para a montadora e opções para o cliente e desenvolvedores….
Um deles deve sair do papel em breve. Ninguém na fábrica confirma, mas corre a informação em rodas de especialistas, em São Paulo, de que a montadora já está em negociações avançada para lançar entre o fim deste ano, início de 2013, modelos com acesso wireless para que todos que estiverem dentro dele possam acessar a Internet com a mesma conexão 3G. Isso seria particularmente interessante para famílias cada um com o seu notebook, smartphone ou tablet e também para táxis que proporcionariam um serviço de valor acrescentado para os seus clientes. A operadora seria a Vivo.
Faz sentido…. Afinal de contas, o primeiro passo da conectividade foi a do usuário com o automóvel, através de sistemas com o Connect, da Fiat e o My Connection, da Ford, que permitem fazer e receber ligações em viva-voz; ou depois o Blue&Me, da Fiat, similar ao Sync, da Ford, ambos em parceria com a Microsoft, que aceitam comandos de voz para ligar o rádio, ouvir mensagens de texto (mas não responder, ainda) e fazer chamadas.
“O passo seguinte será a conectividade do carro com o meio ambiente”, afirma Ricardo Dilser. Ele cita como exemplo a comunicação via radiofrequência entre o carro e cancelas de pedágio e estacionamentos pagos, ou placas de trânsito, controlando velocidade, emitindo alertas sobre estacionamento irregular, trocando informações com sistemas de segurança…
Sistemas já disponíveis em modelos topo de linha hoje já permitem que o carro estacione sozinho, freie ao sinal de perigo, troque de marcha automaticamente e até circule sem o auxílio do motorista. A  Mercedes, por exemplo, já faz testes em Campinas com um modelo de caminhão sem motorista, controlado por satélite.
Portanto, além da conectividade do carro com passageiros, do carro com o meio ambiente, estamos no limiar da era da conectividade de todos esses sistemas com terceiros, incluindo outros veículos, para troca de informações sobre tráfego, como já acontece hoje na Europa, que testa o sistema Sartre (Safe Road Trains for the Environment), proposto pela Volvo.
Não por acaso, projeções de um estudo da Juniper afirmam que até 2016, as ruas e estradas contarão com cerca de 92 milhões de carros conectados em todo o mundo. Outro estudo, da Accenture, afirma que a demanda por automóveis equipados com modernos sistemas de informação e comunicação crescerá no Brasil, EUA, França, Itália, China, Malásia e Coréia do Sul.
Segundo a Accenture, os componentes eletrônicos respondem hoje por 30% do valor de um carro novo e chegarão a 40% até 2020. Fato é que o mercado global de tecnologia de bordo para veículos deve movimentar 70 bilhões de dólares este ano e cerca de 80 bilhões de dólares em 2014.
A consultoria garante que os sistemas de entretenimento de bordo estão se tornando parte do mercado de massa, rapidamente. Até os clientes de carros populares estão mais exigentes em relação a esse aspecto: 63% dos 7 mil entrevistados pela pesquisa em sete países, incluindo o Brasil, declararam ter interesse em usar recursos de comunicação no seu carro.
A pesquisa detectou também que:
  • 91% dos participantes querem um sistema que alerte o motorista na mudança de faixa e desvende os pontos cegos;
  • 83% querem uma tecnologia que solicite automaticamente atendimento mecânico em caso de quebra ou acidente; querem também que o carro identifique sinalizações de tráfego e emita alerta de congestionamento;
  • 59% querem controles para os seus smartphones acoplados ao volante e;
  • 58% querem ler e editar e-mails no carro.
Por isso, além dos sistemas da Fiat, há vários projetos de carros conectados em andamento. Estão nessa lista o Sync AppLink, da Ford, o Intellink, da GM, o ConnectedDrive, da BMW, e o Entune, da Toyota. Isso sem mencionar marcas mais caras, como BMW, Volvo, Maserati, Audi, Porshe, etc.
“Uma das possibilidades de evolução do Blue&me será permitir aos motoristas interagirem com emails e perfis nas redes sociais”, afirma Leonardo Martins, da Fiat Brasil. Já no ano que vem? Respondendo e-mail e postando nas redes via comando de voz? Aposto que sim.
É esperar para ver.

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