Conheça empreendedores que superaram sua origem modesta para se tornarem líderes em seus setores
Edson de Godoy Bueno

Em março, a lista de multimilionários da Forbes apontava uma fortuna de 2,2 bilhões de dólares na conta bancária de Edson Bueno. Mas o fundador da Amil acaba de engordá-la com a venda do controle da sua operadora de saúde, a Amil. Pela parcela que pertencia ao empresário e à sua ex-mulher, a americana United Health pagou 6,5 bilhões de reais.
Por trás das transações de nove dígitos, está a trajetória de um empresário que repetiu quatro vezes a quarta série do primário. Com mãe dona de casa e padrasto caminhoneiro, Bueno chegou a trabalhar como engraxate quando criança na cidade de Guarantã, interior paulista. Ele costuma repetir que a virada veio com uma pancada na cabeça, enquanto brincava em um armazém. Atendido pelo único médico da cidade, decidiu que seguiria a mesma carreira. Com o tempo, virou dono de uma pequena (e deficitária) casa de saúde em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Com tino para os negócios, Bueno saiu do vermelho atraindo clientes com diferenciais como lanche e transporte grátis. O empresário amealhou outras clínicas até decidir criar a Amil. Hoje, a empresa é a maior operadora de planos de saúde do país.
Antônio Luiz Seabra

Formado em economia, Antônio Luiz Seabra começou a trabalhar com 15 anos na Remington Rand , fabricante de máquinas de escrever e calculadoras. Depois de gerenciar um pequeno laboratório de cosméticos em São Paulo, decidiu investir tudo no segmento. Literalmente. Instalada na rua Oscar Freire quando a rua contava apenas com um tintureiro no comércio local, a Natura nasceu em 1969 com o capital de um Fusca.
Por trás do balcão, Seabra notou que o aconselhamento a cada um dos interessados era o que levava o negócio para frente. O atendimento personalizado virou modelo de negócio: a Natura adotou o canal de vendas diretas para crescer e se tornou a maior empresa do setor. As primeiras consultoras eram clientes treinadas segundo o bê-á-bá de Seabra. Hoje, elas somam um exército de 1,2 milhão de pessoas no Brasil e outras 280.000 no exterior. A fortuna de Seabra, por sua vez, chegou aos 2,9 bilhões de dólares, segundo a Forbes.
André Esteves

Nascido na Tijuca, bairro de classe média da Zona Norte do Rio de Janeiro, André Esteves começou sua carreira no banco Pactual como estagiário, em 1989. No primeiro dia de emprego, teve o carro roubado. Ficou com a dívida do financiamento do Gol enquanto ainda tinha que se dividir entre o banco e as aulas do curso de matemática na UFRJ. Sua sorte seria mudada pouco tempo depois.
Contratado como analista de sistemas, ele subiu na empresa depois de criar um programa que atualizava os preços e saldos da Bolsa - até então, o modelo que existia na instituição não era exatamente imune a falhas. Reconhecido pelo trabalho, foi transferido da área administrativa para a de negócios. Alguns anos depois tornou-se sócio minoritário do banco, galgou degraus rumo ao controle de instituição e orquestrou a recompra do Pactual depois do banco ter sido vendido ao suíço UBS (nesse meio tempo, o empresário criou o BTG por aqui). Neste ano, a companhia foi à bolsa de valores. Com os recursos arrecadados no IPO - o 7º maior do Brasil -, estima-se que a fortuna pessoal de Esteves já bata na casa dos 5 bilhões de dólares.
Alberto Saraiva

As vendas decolaram e ele decidiu passar a padaria para frente, embolsando 40.000 dólares. Mais tarde, Saraiva se associou ao empresário Sergio Della Croce na fundação do primeiro Habib's, em 88. A tônica do preço baixo foi mantida e o empresário, que comprou a participação do sócio depois, viu a rede se multiplicar rapidamente. Hoje são mais de 400 unidades no país, com faturamento de 2 bilhões de reais previsto para 2012.
Lírio Parisotto
Lírio Parisotto

Em 1988, ele criou a Videolar, primeira fábrica brasileira de gravação com o tempo exato de reprodução do conteúdo. Parisotto surfou na expansão das fitas cassetes, dos VHS e DVDs. Depois de se afastar do dia-a-dia do negócio, passou a se dedicar ao mercado de ações, com o qual já tinha flertado antes da bonança (aos 18 anos, Parisotto vendera um Fusca para investir em ações, perdendo tudo pouco tempo depois). Considerado um dos maiores investidores individuais da Bovespa, o empresário atravessou momentos de crise, perdeu muito dinheiro, mas ganhou mais ainda. Neste ano, ele fez sua estreia na lista de bilionários da Forbes, com uma fortuna estimada em 2,1 bilhões de dólares.
Guilherme Paulus

Nascia a CVC. O empresário ganhou o restante da agência depois da criação do depósito compulsório, que minou o negócio de viagens para o exterior. Paulus mudou o foco para a classe média - fez fama com os trabalhadores de fábricas do ABC Paulista e com seus pacotes fechados com o aluguel de ônibus. O turismo econômico deu certo. Em 2009, o empresário vendeu 64% da empresa ao fundo Carlyle, por 700 milhões de reais. Hoje, Paulus toca a GJP Hotéis & Resorts, que anunciou recentemente um plano de investimento de mais de 1 bilhão de reais para marcar presença em todas as capitais brasileiras até 2014.
Chaim Zaher

A partir daí, a rede investiu em aquisições e ganhou musculatura, despertando o interesse de players internacionais. Por 880 milhões de reais, Zaher vendeu o negócio mais rentável do grupo SEB(Sistema Educacional Brasileiro) para os ingleses da Pearson, donos do Financial Times e da The Economist, em 2010. Sem os sistemas de ensino das marcas COC, Dom Bosco, Pueri Domus e Name, além da divisão de material didático e editora, o empresário decidiu recomeçar o negócio do SEB com as escolas físicas, investindo boa parte da bolada recebida na transação. Em dois anos, o negócio cresceu e passou a entregar um faturamento de 500 milhões de reais, ultrapassando o tamanho que tinha quando ainda contava com os ativos vendidos à Pearson.
Laércio Cosentino

Em 89 as duas empresas viraram uma só. E a companhia partiu para um agressivo plano de expansão com franquias. A entrada de um fundo de investimento e a abertura de capital na bolsa viriam mais tarde, turbinando o caixa da companhia para que a já rebatizada Totvs fosse às compras. Em 2011, a receita líquida da Totvs bateu em 1,07 bilhão de reais.
Walter Torre Júnior

Sem dinheiro para o escritório próprio, o paulista comprou (e dirigiu) um ônibus velho que serviu a esse propósito. A rotina durou três anos. Mas oferecendo a adaptação dos espaços às necessidades de cada cliente, os dias de nômade ficaram para trás. Diversificando as atividades, sua empresa, a WTorre, passou a atuar em empreendimentos de infraestrutura, além de obras empresariais e residenciais. Atualmente a companhia é responsável pela reforma do antigo Palestra Itália, estádio do Palmeiras, em um investimento de 400 milhões de reais. Em setembro do ano passado, a WTorre Properties, divisão que gere imóveis comerciais, foi comprada pela BR Properties em um negócio estimado em 2 bilhões de reais.
Daniel Mendez

O capital veio da venda de um Gol GTi, que lhe rendeu 10.000 dólares. Com o dinheiro, Mendez montou o primeiro restaurante da Sapore em 1992, no interior de São Paulo. Hoje, a empresa fornece refeições coletivas a clientes de peso como Fiat, Ambev, Rede Globo e Vale, somando mais de 1.100 restaurantes no país. Um de seus trunfos foi introduzir o conceito de praça de alimentação nas empresas, além da presença de nutricionistas e do esmero na apresentação dos pratos. No ano passado, a companhia faturou 1 bilhão de reais.
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Marcela Ayres |
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